Controvérsias sobre o uso de telas e saúde mental

Mauricio Scopel Hoffmann

O impacto do uso de telas na saúde mental tem sido alvo de debates intensos, com especialistas divididos sobre os reais efeitos da tecnologia em nosso bem-estar. Um dos nomes mais comentados é o de Jonathan Haidt, que, apesar de não ser especializado diretamente nesse campo, tem enfatizado os supostos perigos das redes sociais, especialmente para meninas e adolescentes. No entanto, as evidências científicas que ligam diretamente o uso de telas a problemas mentais ainda são inconclusivas.


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O professor Sir Simon Wessely, pesquisador e psiquiatra britânico, destaca que essa relação é frequentemente exagerada e que mídias sociais trouxeram benefícios claros, como a promoção de laços sociais e o acesso rápido à informação. 


Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, jovens que tiveram acesso a redes sociais apresentaram menos sintomas de ansiedade e depressão do que aqueles sem esse acesso. De fato, há um aumento nos casos de ansiedade e depressão entre jovens nas últimas décadas.


Contudo, os principais fatores identificados para esse crescimento ainda estão relacionados a questões como traumas, abusos e desigualdades socioeconômicas, com pouca contribuição do uso de telas para estes problemas.


Ainda assim, a preocupação com o uso excessivo de telas permanece válida, especialmente entre crianças pequenas. Há evidências de que o uso prolongado de dispositivos pode impactar o aprendizado e a capacidade de controlar impulsos em crianças de zero a seis anos de idade. 


Dado o cenário tecnológico atual, especialistas recomendam que, ao invés de proibir o uso de telas, estratégias de moderação sejam implementadas para garantir que crianças e adolescentes utilizem a tecnologia de forma equilibrada em seu cotidiano.


Os 70 são os novos 50? 

Imagine duas pessoas com a mesma idade, uma nascida em 1930 e outra em 1944. Apesar da mesma idade, suas condições de saúde mental e física podem ser bastante diferentes. O professor Ingmar Skoog, da Universidade de Gothenburg, juntamente com outros pesquisadores, tem estudado pessoas que nasceram em anos diferentes, desde o início do século XX. 


Eles têm descoberto que idosos nascidos em 1944, por exemplo, apresentam melhor saúde mental, cognitiva e física em comparação com quem nasceu em anos anteriores, como 1930. Suas pesquisas indicam que, mais do que a idade, é o momento histórico em que a pessoa nasce que determina sua qualidade de vida na velhice.


Curiosidades da mente: aversão à perdas

O efeito de aversão à perda, descrito em 1979 por Daniel Kahneman (Nobel de economia em 2002) e Amos Tversky, é uma tendência humana de dar mais importância a evitar perdas do que a obter ganhos. No dia a dia, isso se manifesta quando alguém paga um seguro caro para um dano que é muito improvável de acontecer ou hesita em abandonar um projeto malsucedido para não “perder” o que já foi investido. 


Esse fenômeno psicológico influencia decisões financeiras, pessoais e profissionais, fazendo tomarmos decisões menos arriscadas mesmo quando o risco vale a pena ser corrido.  

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